Há 129 mergulhadores científicos em Portugal, segundo um inquérito da Associação Portuguesa de Mergulho Científico (Apormc) feito entre Janeiro de 2016 e Março de 2017.
Daqueles, 95% utilizam o mergulho para estudar as ciências ambientais e da vida e 5% para as ciências humanas. A grande maioria dos mergulhadores (91%) tem mais de cinco anos de experiência. Depois, é no Centro do país que há mais mergulhadores (43%), seguido do Sul (20%), Açores (16%), Madeira (12%) e Norte (9%).
Contudo, ainda há aspectos a desenvolver nesta actividade que deu os primeiros passos em Portugal nos anos 50. “Em termos legislativos, o mergulho com fins científicos está na legislação dentro do mergulho desportivo”, disse Pedro Neves, presidente da Apormc, durante a 3ª Conferência Europeia de Mergulho Científico, realizada no final de Março, no Funchal. “A diferença é que o mergulho científico tem objectivos de trabalho. Enquanto no mergulho desportivo ou no mergulho recreativo o objectivo é tirar uma fotografia ou escapar ao stress do dia-a-dia, o objectivo do cientista é uma coisa muito específica: fazer uma recolha de uma amostra ou filmar um comportamento”, acrescentou.
“Isto não quer dizer forçosamente que tenha de existir uma legislação distinta para o mergulho científico”, disse ainda Pedro Neves. O que se pretende então? “Que os mergulhadores científicos e as instituições científicas devam ser consultados sobre os assuntos que dizem respeito à utilização do mergulho como ferramenta de trabalho científico.”
Pedro Neves conta ainda que os acidentes relacionados com o mergulho científico são poucos e que a Apormc, criada em 2010 e oficialmente reconhecida em 2016 como representante do Painel Europeu de Mergulho Científico do European Marine Board (um “think tank” sobre política de investigação marinha), já obteve algumas vitórias: “A Apormc elaborou um código de conduta para o mergulho científico, que já foi aprovado pelos principais centros de investigação em Portugal.”
Notícia do Público de 15/04/2017.